Uma das figuras mais representativas do Futurismo foi José de Almada Negreiros. Interessado em quebrar regras estabelecidas, como era apanágio dos futuristas, recorre ao escândalo como forma de fugir ao estatismo do academismo vigente no seu tempo. Foi considerado um louco pelos seus contemporâneos. A ele se devem os principais textos programáticos do movimento.
“A Cena do Ódio”, poema que foi preparado para ser publicado no número 3 da revista Orpheu, "exalta os vícios, os derrotados, os ultrajados, os religiosos sexualmente frustrados e discrimina o homem civilizado, os aristocratas, os intelectuais, a canalha, a gente simples operária, rural ou varina, empregados citadinos, políticos, jornalistas, tropa e (...)o burguês." (História Ilustrada das Grandes Literaturas - Literatura Portuguesa VIII, Editorial Estúdios Cor, 1973)
O "Manifesto Anti-Dantas", o panfleto mais emblemático e que mais impacto e sensação causou ao tempo, é um dos textos ainda hoje mais referenciados.
O "Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX", que se reproduz, foi apresentado na Conferência do Teatro da República, em 1917, marca a apresentação oficial do movimento.
Além da sua atividade literária (poeta, dramaturgo e romancista), Almada dedicou-se também às artes plásticas (são conhecidos os painéis existentes na sede da Fundação Gulbenkian, na antiga sede do Diário de Notícias e na Gare Marítima de Alcântara), foi também bailarino e coreógrafo... dando seguimento aos princípios futuristas de abolição de fronteiras entre as diversas artes. A sua obra é um eterno vaivém entre a literatura e a pintura, muitos dos seus textos têm um equivalente pictórico, uma eterna dualidade do olhar sobre o real.
"Nós não somos do século de inventar as palavras. Nós somos do século de inventar outra vez as palavras que já foram inventadas." Almada Negreiros é aquele que pugna pela construção de um futuro diferente, o que pressupõe a invenção de um homem novo.
Almada é o visionário do presente que devemos conhecer.
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